NAS TARDES BRANCAS
José António Gonçalves
Nas tardes brancas
apenas o asfalto brilha
com seu vapor de água transparente
incendiando a paisagem
O viandante nada pergunta
e prossegue viagem
sem olhar para o caminho infinito
com uma flor na mão
Leva no sangue uma gota de sal
onde se movimenta o mar
em busca de uma praia de areia pura
para esperar pela noite
O que o faz ir sempre em frente
é um mistério só decifrado pelos pássaros
que do céu o acompanham
num estranho silêncio de penas
Se um dia chegar ao lugar que procura
regressará para reavivar as pegadas
já apagadas pelas chuvas
dos invernos seguintes
Então abrirá um guarda-sol
para o segurar junto à terra
como a semente em perfeita harmonia
com a luz dos acontecimentos futuros
José António Gonçalves
(inédito 06.12.04)
JAG