Não me entenderias
Lembro-me de um realejo,
tirando, certa vez, a minha sorte...
a vida, depois seguiu outro rumo,
tornei-me sujeito de mero consumo,
feri-me profundo, no mesmo corte.
Insano, reneguei o meu desejo.
Repeli possibilidades, contrafeito.
Por anos, tive vazio o meu leito,
inventando amores, totalmente insatisfeito,
querendo estancar tanta vida em morte.
Sorte? Nunca mais nenhum realejo.
Pelas ruas da cidade, o que agora vejo,
é meu olhar sem esperanças, nada para acreditar.
Em meu peito esse desejo inevitável de te amar...