Cupido
Cupido
Cupido, meu,
Por que me fazes sofrer
Por algo que já morreu?
Por que despertas paixões,
Velhas ilusões
Que outrora
Foram enterradas?
De meus pensamentos,
Nem existem mais sentimentos,
Já foram abandonados
Nessa hora.
Ó Éros, lhe digo:
Maldito sejas, tu, ó Cupido,
Sempre preparado,
Com tuas flechas
Tão afiadas,
De pontas apaixonadas,
Miradas nas minhas brechas.
Cupido,
Persegue-me em meus vacilos,
Nem consigo mais tirar
Meus velhos e bons cochilos.
Sabes bem:
Um bom poeta
Escreve versos melhores
Depois de uma boa soneca.
Cupido,
Ainda tenho
Tuas flechas.
Algumas foram
Arrancadas,
Outras se tornaram brechas,
Feridas amarguradas.
Então, Cupido, flecha-me!
Deixe-me sentir,
De uma só vez, essa paixão
Que me arraste como um furacão,
Que me jogue nos braços dela.
Deixe-me sentir o toque daquele corpo.
Minhas mágoas afogo nela,
Em beijos e abraços dela.
Deixe-me levar pelos desejos meus,
Deixe-me satisfazer os teus.
Quero mais que tudo.
Às vezes até me iludo.
Cupido,
Que vive nas nuvens,
Maluco flecheiro,
Com arco sempre apontado,
Esse cheiro
É o aroma da paixão,
Mais forte que qualquer perfume.
Leva qualquer um à loucura,
Numa aventura
Ou ao caixão do amor,
Aroma exterminador.
Entenda como quiser,
Mas tu machucas.
Deixa-me na sola do pé,
Sem ao menos
Te importar.
Por isso, começa a flechar.
Talvez, Cupido,
Meu amigo
Ou até inimigo,
Já estou apaixonado.
Provável que já fui
Flechado
A procurar,
A encontrar
Alguém especial.
Como meus versos descrevem,
Em universos transcrevem
Alguém sensacional.
Às vezes me pergunto,
Cupido,
Amigo ou inimigo?
Cupido me ensinou:
Alguns nascem para amar,
Outros para serem amados.
Alguns para chorar,
Outros para serem consolados.