DO MUNDO EM CAOS
Aqui o mar é revoltoso,
As rajadas de areia são violentas,
As nuvens escuras amedrontam,
Há o caos em todo canto,
Os insetos nos infernizam,
O calor insuportável nos toma,
As iras se sobressaem,
As árvores balouçam em escândalo,
Os animais fazem ruídos inconsoláveis,
Pessoas agridem pessoas,
Há xingamentos generalizados,
O desrespeito ronda por todos os lados,
O mundo parece um ninho de serpentes,
Gente empurrando gente,
Os desafios substituem o bom senso,
A imoralidade instalou-se em definitivo,
As crianças são alvos fáceis,
São arregimentadas e vilipendiadas,
Os choros nos entalam as vísceras,
Os gritos nos apavoram,
Somos frágeis migalhas que destoam,
As peripécias que desamparam,
O mundo que escurece e não vemos
A luz no final do túnel,
Os esgotos jorram a céu aberto,
Há escassez de água,
Os corpos se amontoam sobre outros,
As sujeiras não são limpas,
E nossas narinas respiram o horror,
Nossos olhos vêem o fastio,
E somos incapazes de reverter,
De amealhar algo melhor,
O mundo se desaba e desabamos também,
O mundo se destrói e nos destruímos juntos,
Por um momento o barulho é ensurdecedor,
Ah, como desejávamos o silêncio,
A limpeza, a amizade, o amor,
Mas não temos nem condições de sonhar...
2.007