O nosso paraíso nuclear
Nas nossas noites
Perdidas
Pedes-me que te conte histórias
Que comecem com partidas
E acabem com um regressar
Eu tento
Mas as que melhor gero
São aquelas
Que acabam e começam
No nuclear
O nosso
Onde nos fundimos
Até ao ponto de roptura
E tudo acabar no meu lugar preferido:
No nuclear
Onde das cinzas do passado
Nasce o futuro
Onde a memória queimada
Pela fusão extrema
Esqueceu o calor
Que acabou por nos vaporizar
Por isso repetimos o velho erro
Unimo-nos
No nuclear
Porque existem forças supremas
E desconhecidas
Cuja beleza
E caos
Escapará sempre à nossa compreensão
E só isso pode explicar
Porque nos amamos
Mais do que a vida
Um ao outro
Sabendo que isso nos acabará por matar
Uma e outra vez
Vida e morte
Até ao nosso tempo se esgotar
Sejam pois bem-vindos ao nosso universo
Onde até a poesia não escapa à atracção
Desse nosso paraíso nuclear