A bela da janela

Diferente de todas que já vi,

No quesito doçura parecia

Uma deusa encarnada bem ali,

Naquele mesmo ônibus que eu ia.

Já ia com vontade de ficar,

Não parado ali sem viajar,

Mas ficar, colado, junto dela,

Admirando-a enquanto a acarinhava,

Ao passo que ela sorria e olhava

A paisagem da estrada na janela.

Não era só a beleza aparente

Em sua face fofinha estampada,

No seu corpo nutrido, envolvente,

Sinuoso igualmente aquela estrada.

Qualquer um era fácil se perder

Num olhar que prendia sem querer

Era prisão, com liberdade, sem ter cela,

Minha vontade ultrapassava cem por cento,

Nem precisava processo ou julgamento

Eu queria mesmo era ficar preso nela.

Estava fria a estrada percorrida

E a névoa esvoaçava sobre a serra,

Paisagem ainda verde, parecida

Com um lençol de esperança sobre a terra.

A esperança era lá, cá eu não tinha

De ter aquela garota por rainha,

Pois decerto já havia um rei da bela,

Então foi só como uma linda paisagem

Que a gente admira na viagem,

Mesmo querendo ficar, passa por ela.

Leandro Leite
Enviado por Leandro Leite em 06/12/2023
Código do texto: T7948254
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