Olhos Cintilantes de Água

 

Também tive dias que não me reconhecia,

que não conseguia me ver, nem nas minhas emoções,

nem nas minhas tristezas e dores

ou em minhas ânsias e luzes acesas dentro das veias.

 

E me fitava, em meus pra dentro, olhos cintilantes de água,

buscando o cheiro da vida, o perfume do ser e existir.

Contemplava o bordado do tempo, as horas vividas

costuradas com a mais fina linha, as saias dançantes

e o genuíno sentimento inundando a alma

de sol brilhando e o coração de contentamento.

 

O caminhar dos pés descalços

seguiu pelos telhados de barro

até a primeira página do livro da vida.

Abriu-se a primeira linha.

Uma palavra escrita,

uma Verdade em meio ao caos -

desnudando-me a alma.

 

E a palavra se fez Luz como o fragor da chuva

faz emergir entre as cores do arco-íris o dia.

E o despejar de vida nos olhos da mulher adormecida

é o candeeiro do Amor, aceso para a eternidade

de dois que são um só coração...