LÍRIO PRIMAVERIL
Mar plácido, sereno, brando
Guarda nos recessos, meu aliado,
Vela o beijo furtivo e roubado...
Leva em tuas ondas o segredo nefando!
Foi em teu seio, Ilha de Creta, ao soprar a monção
Ela, ornada em adornos, atavios e gemas
Aviltava as Mulheres de Atenas... Helenas
Selando com seus lábios a traição!
Ide, Mar de Creta, porém faz mudo o teu troar
E na beira da praia, onde quebra o mar,
Cobre da areia nossas pegadas...
... E se perguntarem de quem eram os risos e o canto
Fala das sereias, dos marinheiros e do pranto...
Jamais do Lírio Primaveril, das tantas juras e de tão poucas alvoradas!
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Observação
"tão poucas alvoradas" no texto está no sentido figurado de "tempo" , "o passar dos dias, anos"