Fez-se corpo
O poema que foi encorpado
Era antes um oi de amigos
Era riso, olhares calados
Carinho sem toque, sem busca
Era apenas acorde tocado
Não ousava ser colo ou abrigo.
Mas nas voltas e curvas do mundo
O encontro se fez de repente
Não assim, num minuto ou segundo
Foi num calmo olhar aguçado...
Foi na foto, no vago, no ausente
Foi num tempo propício... fecundo.
Foi ali que surgiu a poesia
Que não via, não estava, não era.
Não achava e nada fazia
O poema que foi amizade
Ganhou forma, teor, fantasia.
Se mostrou onde nunca estivera.
Foi no vago que o corpo surgiu
Sem correntes, sem medo e sem dor
O poema que a arte esculpiu...
Fez-se corpo, com bocas e mãos
É desejo, é doce, é gentil...
Tem cuidado, tem canto e calor.