Encanto Ignoto
A luz que queima da boca
Todas as vezes que penso
Em gesticular teu nome com a língua
E já não era mais claridade
Era o fogo da vontade mais irascível
Cada sílaba dando cambalhotas
Em cada som que pula da boca
Termino de soletrar como se confessasse um crime
Uma dor física de revelar ao meu interlocutor
Teu nome, não deveria ser dito assim
De forma tão secular, teu nome é íntimo
Ouvi-lo seria a mais solene dádiva
E você sabe do meu exagero
É pragmático todas as vezes que eu insinuo
Um desespero que se despe de razão
Revirando tatos que minhas mãos ambicionam
Há uma estrela, um espaço vazio
Capaz de elevar o devaneio a concretude
E eu o refiz dentro da minha pele
No inconclusivo sentido que me enerva
Quando fores dito um especifismo
Botos emergiriam de cada beijo
E com suas palavras profanas me farão vitima
E arrastarão meu corpo para debaixo de seus braços
Ó minha catedral de um metro e setenta
Tração infinita da garganta
Peso da palavra maldita
Radiação de toda a loucura acumulada
Nos meus braços era espada
Na minha boca canção prateada
No meu imaginário, Mercúrio
Aos meus olhos, magnetismo