O Espelho da Janela do Tempo Profundo
O princípio de identidade
não é uma contradição,
posto que ao me olhar no espelho
o reflexo de quem sou não sou eu,
mas o outro (você) que lá aparece.
Uma metáfora de mim
incrustada
na parede translúcida
a me olhar.
Nesse caso, "o eu é um outro"
como diz o poeta
e "eu não sou quem sou",
mas "eu sou e não sou
quem eu sou" (Moran, 2003, p. 50).
Complexo,
muito complexo,
porque se dizem
que sou quem sou
e se há duas
possibilidades de ser,
o ser e o não ser...
então quem sou?
A resposta está
na dialética da vida
que nos colocou juntos
numa mesma lâmina do tempo:
eu e o meu reflexo no espelho
que é você a me olhar
enquanto eu mesma me olho
na película translúcida e espelhada
de nossa janela do tempo profundo.
É me olhando se olhando
que me percebo Você!
É assim que sei
que sou você
e você sou eu!