O desejo

o desejo é como um rato

roendo a nossa razão

exterminando a prudência

ultrapassando a noção

queira ele ser divino

sacramentando a emoção

instantâneo é o desejo

ao prazer da mocidade

maltrata o nosso juízo

escraviza sem piedade

ultraja a nossa moral

que dirá a liberdade

o arcabouço do desejo

é belo e cativante

e ainda nos enrola

na cantada elegante

a gaiola do desejo

um engodo embriagante

a não ser que eu consiga

ter o controle na mão

e não pague pelo preço

da invasiva ilusão

um domínio do desejo

confinado na razão

o preço que nele pago

rende mais que agonia

eu queria me ver livre

mas jamais eu poderia

o desejo me entorpece

com prazer e alegria.