Demora

Demorei tanto a escrever sobre uma árvore

Que um prédio ergueu-se à frente

Tirando-me completamente sua vista

Demorei tanto a escrever sobre Plutão

Que já não sei mais

Se, enfim, é dado ou não como um planeta

Não aprendi francês a tempo

Por isso, não escrevi a Lauren

Demorei

A demora poética é a mais fria execução

Homicídio culposo em esboços

Um atraso à vida, aos relatos cósmicos

Aos netos que não vieram

Nem mais virão

Mas, a ti…

Escrevi-te tão depressa

Que, mesmo vivo

Foste um verso meteórico

Não delonguei teu legado

Contigo, escolheria a demora