Em um mundo de de letras
Em um mundo de letras e linhas, onde histórias se entrelaçam como fios invisíveis, ergui-me diante de um livro encantado. Seu título, um enigma; suas páginas, portadoras de segredos há muito guardados.
Não me curvei à tradição de virar as páginas, pois senti uma chamada mais profunda. Como um alquimista de palavras, decidi arrancá-las, libertando as criaturas literárias que espreitavam nas sombras do papel.
Cada rasgo era uma ruptura no tecido do tempo, uma dança de letras que se desprendiam para se transformar em constelações de significados. Os fragmentos caíam como pétalas de uma flor literária, criando um tapete de metáforas no chão da minha imaginação.
Ao arrancar as páginas, descobri mundos inteiros esquecidos entre as linhas. Personagens adormecidos despertavam, sussurrando suas narrativas em harmonia com o vento que agora carregava as palavras além das margens do livro.
Caminhei sobre esse tapete de palavras, explorando paisagens literárias que transcendiam as fronteiras do papel. Cada folha arrancada era um portal para um universo único, onde o tempo dançava ao ritmo das frases e os sentimentos se entrelaçavam como rios de tinta.
Nesse ato iconoclasta, tornei-me um destruidor criativo, desafiando a ordem estabelecida das páginas numeradas. O livro deixou de ser um artefato estático e se tornou um organismo vivo, pulsando com a energia das histórias liberadas.
E assim, entre rasgos e fragmentos, descobri que a verdadeira magia não reside na linearidade das páginas, mas na liberdade de arrancá-las, permitindo que a essência das palavras voasse livre, sem as amarras do convencional.
No final dessa jornada, não restava um livro, mas um caleidoscópio de emoções, um testemunho da audácia de desafiar o ordinário. Pois, às vezes, para descobrir o extraordinário, é preciso rasgar as páginas do esperado.
Diego Schmidt Concado