A mesma solidão

o que resta dos desenhos na areia

quando o vento vira furacão,

são retalhos de alguma saudade

espalhados em cacos revoltos no chão.

O que rasga o peito a punhal

quando a lágrima cismada entala e não cai,

são gritos recém paridos de uma artéria triste

que se contorce e faz

o medo ressurgir regurgitando espíritos

desfazendo a paz

E a lua que jaz serena

não sente o pânico a me assaltar

Derrama sentada e sonolenta

brancos raios cheios rasgados pelo ar

Finge tranquilidade deixando-se imensa

na amplidão

Mas enquanto suspira estrelas

tentando inspirar algum bêbado ou alguma canção

Repensa a vida inteira

e queixa-se também da mesma solidão.

(Jessiely)