CORTEJO

Culpava a pena, o poeta imperfeito!

Já não o rubi, a esmeralda, a turmalina

E mesmo os afrescos da Capela Sistina

Nenhum esplendor há de ser o eleito!

Mostra Orfeu, tuas partituras

Homero, recita tuas odes...

Há de haver dentre os sábios, luz à loucura de Herodes!

Ó Deusas! Tocai as cítaras e ensinai-me as juras!

Mas ah! Foge-me do peito o clamor imenso

Acovardado à visão do véu suspenso

Que cobria, por compaixão a Beatrizes e Helenas...

... Os olhos órfãos do augusto cortejo

Dos poetas, pintores, tenores cativos do desejo...

Não suspiravam assim pelas Mulheres de Atenas!

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Observação

1 - “pena” - No texto se refere ao tinteiro e a pena

2 - "Cobria" - No texto, a palavra se refere a cobrir os olhos da menina (os olhos órfãos)

André da Costa
Enviado por André da Costa em 11/11/2023
Reeditado em 11/11/2023
Código do texto: T7929432
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