O amor é olhar para as nuvens

Olho pra ti como quem olha uma criança,

ou a frondosidade símplice de uma árvore.

Olho pra ti com a mesma inocência mansa

de uma pomba que pousou, sem saber, no mármore.

Olho com a mesma dor de quem compreende.

Com a mesma tristeza de quem tanto ama.

Que, em plena tarde chuvosa, queda-se em chama

num abraço abstrato de sonhos comoventes.

E nós mesmos nos confundimos neste abraço,

como se o tempo e a dor fossem inexistentes;

como se não houvesse, da vida, o cansaço

que já tanto obscureceu o viver dos viventes.

Olho-te simplesmente, sorrateiramente,

como alguém que revela algo já revelado.

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