178°
De todos os arrependimentos que tenho
O maior foi amar quem nunca me amou
Cultivar um sentimento por quem me usou
A carência quase me matou
Se aqui estou a escrever essas baboseiras
Foi por encontrar forças onde ninguém encontrou
Eu sou o poeta que o amor deixou
Deixar ir quem sem ama é um ato de amor
Minha riqueza foi ser pobre com quem me amou
Hoje sou um juntador de palavras
Um pedante poeta na beira da estrada
Com as marcas de um desamor
Aquela que em mim deixou feridas
Que nas noites mais sofridas me rejeitou
Aprendi com a vida que a dor rima com o amor
Eu queira amar eternamente a carne que a terra vai comer
Não entendia que sou fruto de uma mortalidade
Que a morte tem um acordo com a vida
E não podemos ser eternos e agredidos pelo tempo ao mesmo tempo
O que fui quando amei aquela a quem dediquei alguns versos
Foi um completo idiota com mania de grandeza
Minha derrocada foi descobrir que não fui amado.
Otreblig Solrac - O poeta burro