A CARRUAGEM DE CRONUS
Lá vem Ela! O vulto trágico, fabuloso
Inclemente aponta Cronos a ampulheta!
O primaveril desabrochar da violeta,
Exige o deus frio, impiedoso!
Taciturno, nevoado semblante, mudo!
Mãos às rédeas da carruagem
Fosse tu de meu desatino, vã miragem...
Há de tomar-me da alma partida, tudo!
Ah Cronus! Não te sacia a juventude de Hebe?
Queres da taça jovial, o beijo leve
A candura, a pureza da noviça - O viço!
Se amo o raiar primaveril, ó beldade!
Não o transformes em saudade...
Leva o ouro e a prata... Nada mais cobiço!
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Observação
1 - “Cronus” - Deus do tempo, segundo a mitologia grega
2 - “Hebe” - Filha de Zeus e Hera, é a deusa da juventude
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O texto é uma rogativa a Cronus, Deus do tempo, para que ele não tire jamais das crianças o olhar doce e primaveril, em detrimento ao tempo, que lhes cobra através dos anos que passam! (a carruagem, no caso)