Bandeja de Ouro
Num travo do tempo
me perdi em mim somente.
Foi como enrolar a alma
numa esquina do corpo
e soprar dela
qualquer existência de luz.
Comi o amargo da vida
e me desfiz em sal de lágrimas
para as feridas que brotaram
na pele do coração.
Tudo porque
me sobrou a escuridão.
E dela grunhiram meus lamentos.
Contudo, nesse tormento,
não partilhei solidão.
Fui buscar no âmago do ser,
no poço mais fundo da alma,
o amor mais lindo e mais doce
e o entreguei numa bandeja de ouro.
Com ele minha alma,
meu espírito, meu coração.