No dia de Natal
Ah, que dia demoradamente triste!
Nos sorrisos das crianças vejo a esperança,
Mas os papéis de presentes que se amontoam no lixo,
Mostram que esta data só comercialmente existe.
Em meio à mesa farta, regada com um bom vinho,
Castanhas, frutas, finos pratos e fogo de artifício,
Não conseguem me fazer esquecer o menino sozinho
Que vi na rua, pedindo um agrado, um benefício.
Não posso deslumbrar com o brilho do luar!
Nem fugir desta realidade para bem longe.
Não adianta tanta comemoração, tantos festejos,
Se tantos têm tão pouco para brindar.
Penso nos hospitais, nas prisões, nos asilos, na criança de rua.
Como posso me sentir feliz com tanta desigualdade?
Já senti na pele essa realidade crua,
E do ser humano provei o fel da maldade.
Como fazer diferença no meio de tanta indiferença?
Como dar aquilo que não recebeu?
Como estabelecer um clima de fraternidade,
Quando esta data me faz lembrar tanta adversidade?