NUM FOGO

Nesse fogo brando

Em que aqueço meu coração,

Da frieza dum olhar vago,

Posso dizer da dor que trago,

Como a quentura dum vulcão.

Nesse fogo morno

Em que aqueço o pranto

Da dor que me punge,

No peito que ainda ruge,

Sem perder o seu encanto.

Nesse fogo fátuo

Em que aqueço nos gases,

O lampejar que flutua,

No brilho da clara lua,

Em busca de todas as pazes.

Nesse fogo colorido

Em que a beleza prospera,

O alento do encontro,

Que nos deixa tonto,

Na profusão da espera.

Nesse fogo infindo

Em que aqueço em luzes,

Desmascaram o negrume,

Que de nós vem ao lume,

De uns grossos capuzes.

2.007