Eniada

Como as pedras reluzentes do rei Jade

Teu encanto é mil vil auroras

Carrego em mim, tantas jardas que enublece outroras

Meus bolsos furados inoperantes nessa glória

Como areia que esvai por entre os dedos

Sou jaz fulgaz desamante

Enquanto o desalento verme corrói minha alma

Futuro, passado brilhante,

Fulgura miragem evapora.

Já agora a vida é cinema-mudo

E castigo é o silêncio ultrassonora

Inquietante acidez cardíaca

Penumbra ocular indesejada

Dos teus passos rumo a porta.

Aflito marujo destas águas já vistes

Calmas à navegar

Beijando seu leme profundo

Desbravando oceanos obscuros

Agora assiste a tudo naufragar.

Tempestade impiedosa esmagadora

Se afoga em desoladoras ondas

Clamavas de casa na canção

Teu abrigo sucumbiu o teu leito

Como uma adaga cravada no peito

Condenou teu coração.

Tantas frases vagavam sem léu

Erradicantes luziam no céu

Dessas histórias nas estantes

Velhas memórias, sem destino algum.