A Musa, que inspira meus tímidos cantos,

É doce e risonha, se amor lhe sorri;

É grave e saudosa, se brotam-lhe os prantos.

Saudades carpindo, que sinto por ti.

 

A Musa, que inspira-me os versos nascidos

De mágoas que sinto no peito a pungir,

Sufoca-me os tristes e longos gemidos,

Que as dores que oculto me fazem trair.

 

A Musa, que inspira-me os cantos de prece,

Que nascem-me d’alma, que envio ao Senhor.

Desperta-me a crença, que às vezes ‘dormece

Ao último arranco de esp’ranças de amor.

 

A Musa, que o ramo das glórias enlaça,

Da terra gigante — meu berço infantil,

De afetos um nome na idéia me traça,

Que o eco no peito repete: — Brasil!

 

A Musa, que inspira meus cantos é livre,

Detesta os preceitos da vil opressão,

O ardor, a coragem do herói lá do Tibre,

Na lira engrandece, dizendo: — Catão!

 

O aroma de esp’rança, que n’alma recende,

É ela que aspira, no cálix da flor;

É ela que o estro na fronte me acende,

A Musa que inspira meus versos de amor!