Sala de estar
A andorinha chegou e entrou em minha sala, alegre e cantando feito ela mesma, a voar feito beija-flor, acariciou meu rosto e molhada do orvalho da noite, introvertida nada revelou.
Fez-me extasiar de amor, passou a me visitar uma vez por dia, todas as manhãs, mas eu a queria só para mim, palavras ou versos inteiros que ela no ar desenhava tinham cheiro de flores, era qual o raiar do dia quando os pássaros partem em revoada rumo ao mais belo jardim.
À noite eu adormecia, mas o relógio logo despertava e eu tinha de sair, o divã onde eu ficava tinha estrutura de jacarandá. Ninguém sabia que árvore não se poderia cortar. Sinto-me cansado de tudo, do olhar piedoso da mulher que passa e do amor ofertado, onde está você agora?
A andorinha distanciou-se de mim, esqueceu do meu amor, mas nunca do meu existir, chamo seu nome e digo com insistência: onde está você agora?