Arqueologia de um amor

A rocha bruta

Encobria os mais delicados

Tesouros

Ônix, lápis lazuli, ouro

Um sarcófago de granito

Bonito de verdade,

Guardando um corpo preparado

Para a eternidade...

Com empenho escavei em busca

Da verdade

Corri contra o tempo

Esquecendo que, lá dentro,

Mil anos caçoavam de mim

E, enfim, te encontrei assim

Como te vi pela primeira vez

E me lembrei que fui teu rei

E tu, minha doce prometida...

Queria trazer-te de volta à vida

Mas os amores, mesmo os da História

Apesar de vararem as eras

São também devorados pelas feras

Do silêncio, do esquecimento, do tempo, enfim

Da morte. Do fim.

Fui em busca de um conforto. Meu amor, há eras, jazia morto... E eu, passado redivivo, sentia em vão ainda estar vivo...

Sergio Vinicius Ricciardi
Enviado por Sergio Vinicius Ricciardi em 10/10/2023
Reeditado em 10/10/2023
Código do texto: T7905625
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