Arqueologia de um amor
A rocha bruta
Encobria os mais delicados
Tesouros
Ônix, lápis lazuli, ouro
Um sarcófago de granito
Bonito de verdade,
Guardando um corpo preparado
Para a eternidade...
Com empenho escavei em busca
Da verdade
Corri contra o tempo
Esquecendo que, lá dentro,
Mil anos caçoavam de mim
E, enfim, te encontrei assim
Como te vi pela primeira vez
E me lembrei que fui teu rei
E tu, minha doce prometida...
Queria trazer-te de volta à vida
Mas os amores, mesmo os da História
Apesar de vararem as eras
São também devorados pelas feras
Do silêncio, do esquecimento, do tempo, enfim
Da morte. Do fim.
Fui em busca de um conforto. Meu amor, há eras, jazia morto... E eu, passado redivivo, sentia em vão ainda estar vivo...