Estrela peregrina
Amor
Quando ele sai, deixa a porta escancarada.
Resta o vazio na geleira da canção.
É quando a dor desatina e a madrugada
nos desintegra no infinito da paixão.
Quando ele sai, deixa um sopro de amargura,
e a ternura se emaranha pelo ar.
Fica a vontade a revirar a noite escura
E o coração muda a vida de lugar.
Quando ele sai, leva as últimas verdades
E os sonoros reflexos do mar.
As palavras incompletas e a saudade
Que arremessam ao inverno e faz chorar.
E a lua refletida na janela
Encarcera para sempre o olhar.
É solo árido, raiz. É sentinela,
uma estrela peregrina a despontar.
Marília Abduani