DIVINO FINGIMENTO

DIVINO FINGIMENTO

Deus me deu um tapa de luva

onde dentro havia um tijolo.

Se não fosse a ironia de entender,

seria como se eu fosse uma

marionete sentenciada por ele.

Não blasfemo (mais), mas há

um teatro de sombras no qual

sua luz apenas parece triscar.

De um lado a outro

eu de mim via-me na contramão.

Atuo sobre este palco

cujo cenário figura uma solidão

que constantemente me aplaude.

De pé, a alma agradece.

Esta é a minha condição:

vou me fingir até que a moldura

se solidifique.

Quem sabe o amor assim, duro, dure,

como se fosse a melhor verdade

ensaiada.

Teu gozo é improviso

e sob o teu deleite eu me

converto.

Leo Barbosaa
Enviado por Leo Barbosaa em 09/10/2023
Código do texto: T7904707
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