DIVINO FINGIMENTO
DIVINO FINGIMENTO
Deus me deu um tapa de luva
onde dentro havia um tijolo.
Se não fosse a ironia de entender,
seria como se eu fosse uma
marionete sentenciada por ele.
Não blasfemo (mais), mas há
um teatro de sombras no qual
sua luz apenas parece triscar.
De um lado a outro
eu de mim via-me na contramão.
Atuo sobre este palco
cujo cenário figura uma solidão
que constantemente me aplaude.
De pé, a alma agradece.
Esta é a minha condição:
vou me fingir até que a moldura
se solidifique.
Quem sabe o amor assim, duro, dure,
como se fosse a melhor verdade
ensaiada.
Teu gozo é improviso
e sob o teu deleite eu me
converto.