Enchentes da Alma

 

Deixo-te tocar

na orquestra da vida -

componente

desta sinfonia de amor

que agora ecoa

no absurdo som

de meus silêncios...

 

Teus dedos de violinista

tocam as cordas

com maestria.

 

A seda da alma,

a suavidade

das pétulas da Rosa...

entre os exímios dedos

de um jardineiro feliz.

 

Mas não é feita só de música

e jardins floridos, a vida.

Nem de tempo indeterminado...

as buscas nas distâncias.

 

Há sonhos no horizonte das estrelas.

Há passos nos pés da flor...

 

Existem espinhos no perfume

que exala na calada da noite...

 

um jasmim se despe

- indomável - ao cavalgar

de uma estrela, um sol de luz.

 

É assim que as palavras findam o poema...

... em tempos de enchentes da alma

transbordos do coração...