IMOLDURÁVEL
IMOLDURÁVEL
Estou dando adeus ao desencanto,
ao desencontro que há em nós,
ao desengano que há em ti
e, mesmo assim, ainda és um
ponto de partida.
Despeço-me, me demito de ser,
porque em ti o ponto de chegada
é o naufrágio da esperança
e no teu território só é fértil
a dor de não poder.
Por isso, estarei sempre indo.
Para te reencontrar noutra esquina,
quando a solidão de não te ter
for maior que a minha sombra,
e o amor for além do orgulho.
Meu engulho se chama coração,
o maior órgão daquilo que não é corpo,
porque incorpóreo é o silêncio
e imoldurável é o sentimento.
Perdido estamos em outro extremo;
trópicos da posterioridade
sem o após...