IMOLDURÁVEL

IMOLDURÁVEL

Estou dando adeus ao desencanto,

ao desencontro que há em nós,

ao desengano que há em ti

e, mesmo assim, ainda és um

ponto de partida.

Despeço-me, me demito de ser,

porque em ti o ponto de chegada

é o naufrágio da esperança

e no teu território só é fértil

a dor de não poder.

Por isso, estarei sempre indo.

Para te reencontrar noutra esquina,

quando a solidão de não te ter

for maior que a minha sombra,

e o amor for além do orgulho.

Meu engulho se chama coração,

o maior órgão daquilo que não é corpo,

porque incorpóreo é o silêncio

e imoldurável é o sentimento.

Perdido estamos em outro extremo;

trópicos da posterioridade

sem o após...

Leo Barbosaa
Enviado por Leo Barbosaa em 08/10/2023
Código do texto: T7903909
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