Entre Frestas
Eu me lembro do teu corpo caliente,
Quando o inverno, castigante, mostra a lua
Entre as frestas das folhagens destas árvores,
Onde a vi apaixonada, seminua.
Eu me lembro dos sussuros que tu davas
E gemidos que soltavas, por prazer,
Quando os beijos eram ávidos e puros,
Sem olhar para os defeitos do meu ser.
Eu me lembro das minúcias que vivemos
E dos frascos de perfume que tu tinhas
Ao dizer que me queria, que me amava
E que as garras da paixão eram só minhas.
Eu me lembro... Oh, como lembro!... De tais juras!...
Dos momentos que juntinhos nós passamos
Vendo a lua - a testemunha mais formosa,
Porque nunca nos julgou, quando beijamos!
E eu me lembro da doçura dos teus lábios,
Da candura do teu verbo apaixonado,
Dos teus sonhos mais insanos, infantis...
Que era estar comigo sempre, lado a lado.
Eu me lembro do teu corpo e pele fresca,
Tua mão tão delicada feito pena,
Tuas curvas, teu aroma, tua flor...
A delícia que me davas era plena!
Mas cortaram a frondosa árvore verde
E, hoje vejo aqui seu tronco e a clara lua,
O seu pranto que me conta em todo o inverno
Que não és mais minha dama de alma nua!