CONCERTO AO LUAR DE PRATA
Solfejando dor
fecho o piano de meu encanto
e ,num canto,
deixo a partitura da minha paixão.
Lamentando a terna ausência,
desafinada,
dedilho as cordas da doce harpa do sonho,
esqueço de ouvir os sons do delírio.
Amando mais do que pude
na dormência de meu peito insano
mergulho toda dor
no lago amargo de muitas lágrimas.
E morrendo de amor
me permito ir
vazia de esperas
ausente de canções
silente em meu murmúrio
lentamente
desfazendo as amarras
abrindo as asas
vendo no clarão da lua-mulher
o rumo prateado da saudade.