(E)TERNO
(E)TERNO
A minha ternura vadia
Permanece estática na tua ausência
Enquanto eras presente
A eternizavas sedentária na tua pele.
Estou em carne morta,
porque em meus sonhos
feras se devoram e, na realidade,
ninguém mais me decifra.
Nem eu me decodifico
nem eu mais me fico.
Ares de quem se fez guerra,
ardores de quem pede
trégua.
À tua sombra se fez luz
sem tua luz nada sobra.
Ao fundo de mim avançam teus
feitos.
Aprofundo em mim teus
peitos.
Traz de novo,
traz-me novo,
travestido em mim
um poeta-homem
e a ternura.