De novo, não me atreveria

Não me atrevo outra vez, te chamar de amor

Quem ama não machuca, quem ama não disputa

Não me atrevo outra vez, te chamar de vida

Quem vive respira, mas sufoco com você ao lado.

Fraca é minha voz quando te vejo na madrugada

Faca nas tuas mãos, corro pra debaixo dos lençóis

Um suspiro, um grito imaculado de dor

Marcando o fim de um amor.

Não me atrevo mais te ver assim tão distante

Se antes pra ti, eu era como um diamante

Hoje não valho nada, tão pedante

Meu coração se inquieta à noite, tão uivante.

Dinheiro não compra amor verdadeiro

Mas se amor verdadeiro

É o que nossos pais divorciados se referem

Então prefiro o dinheiro.

Trazes ao vento um belo argumento

Seria validado à família se pelo menos tivesses algum rebento

Mas juras de dedos cruzados que serias capaz

De manter-se focado e determinado, longe do capataz.

Longe das Las Vegas de Manaus

Tu me farias teu rei de paus

No baralho do teu cassino

Eu seria só mais um inquilino.

Não, não posso aceitar

Se teus medos se mantêm a separar-te de mim

Que males causaria, se um pouco de ti eu levasse

E que tu fosse meu tesouro, pra sempre eu te guardasse ?

De novo me atreveria,

Do penhasco mais alto cairia

Longe de você, eu perceberia

Que sem você, eu me refaria.

Meu sentimento foi invalidado

Posto sobre o pedestal mais baixo

Vendido, alugado e escravizado

Por quem sabia do inestimável valor.

Restou-me ajoelhar, pedir ao Senhor

Que não me deixasse falhar de novo no amor

Porque meus olhos me latrocinam

E teu corpo e alma, me fascinam.

Mas não posso te amar direito

Se não te tenho dentro do meu peito

Não tenho o direito, nem desrespeito

De extrapolar meus limites desse jeito.

Gosto do teu corpo, mas sei que é errado

Gosto do teu beijo, mas sei que é errado

Gosto do teu toque, mas sei que é errado

Gosto do teu jeito, mas sei que é errado

É errado ignorar a alma

É errado ignorar as palavras

É errado ignorar os sinais

É errado ignorar o amor.

Sou o senhor dos erros,

Aponto para mim e para ele

Ele aponta para ela

Ela aponta para mim.

Sou quem mais tenho medo

Sou oprimido, sou opressor

Sou homem, sou rejeito

Um ódio que nasce no meu peito.

Dias passam, solitário me deito

Queria te ter por perto,

Queria ter me despedido

Queria que não fosse com você.

Mas obrigado por tudo que me ensinaste

As nossas dores nos fortaleceram até aqui

Diria que ainda dói, porque ainda sinto

Lá no fundo, estou num eterno aprendizado.