O Único Testamento de Quem Amou
Quando você deita o Amor muda o nome
como faço para segurar o sexo em chamas
se você inventa a parábola no corpo de flor e esperança
e o desejo voraz é a trama de uma busca cuja fome
é ter você entregue à sanha
de homem apaixonado por uma só mulher?
pois se me declarei a você foi sem saber que você buscava em outra terra quem desse razão ao seu ser
Quem disse a fúria feroz festeja façanha
de se descobrir menino no homem feito mais te quer
p'ra te levar enfim o que do sonho a realidade ganha
fosse eu maior do que sou o novo alguém chegado seria apenas visita, mas não é,
o violão encontrou sentido na bagagem portanto a hora é de partir
mesmo o coração atravessado pela adaga do amor dedicado que te sinto
nada mais restou do que a caveira de uma saudade que o vento espalha no fim após o último gole de absintho
e o que resta dos versos, é um fio de sangue entre as cinzas do pedido que te fiz em forma de canção
e o que um dia foi claro agora é tinto,
perdido o viajante no hotel os amantes recorrem ao passado para encontrarem o rosto no espelho
e tudo o que já disse de tua beleza e do perfume da tua carne que me leva à loucura
permanece inscrito entre pedras luminosas e mal contadas desculpas ao meu teimoso bedelho
pois já não caibo nas botas de peão que nunca fui
acelero a sombra na estrada pisando o motor das rosas que não te entreguei
pois o sol nasceu queimando a dor que rasgou o peito do poeta que se recolhe ao anonimato
porque o único testamento de quem amou é o horizonte