PORQUE NEM TUDO É SONHO OU SIMPLESMENTE POESIA
...simplesmente acontece...
...um olhar despretensioso,
um sorriso ao nos esbarrarmos,
cruzando a avenida na faixa de pedestres...
...vi naqueles olhos, naquele sorriso,
algo me tocar, naquele instante;
senti parte de meu mundo em movimento...
...se afastar sem saber de mim,
sem trocar uma palavra sequer,
então me virei e a segui com meus olhos ávidos...
...como em uma hipnose fiquei ali inerte,
no meio da avenida indeciso,
e uma força me fez voltar...
...como uma sintonia de pensamento,
ela olhou para trás, já do outro lado,
sorrindo uma vez mais, seguiu...
...entrou numa lanchonete, e pediu um café,
fiquei na porta a contemplando,
hesitei em me aproximar...
...ela abriu a bolsa e além de pagar,
enquanto a balconista passava seu cartão,
ela escreveu algo no guardanapo...
...e o deixou sobre o sobre o balcão,
se retirando, me sorriu novamente,
e se foi virando a esquina...
...claro que antes da balconista recolher,
me enchi de coragem e de sobressalto,
recolhi a única chance talvez, de rever aquela mulher...
... e foi assim que a encontrei dias depois...
...os motivos, os desejos,
não planejamos nada,
foram surgindo ao acaso, furtivos...
...ela era casada, mas era o amor da minha vida,
que só me apareceu anos depois,
de minha caminhada desiludida...
...era nosso primeiro encontro, aliás o único;
e ela me chegou inebriante,
como flor desabrochada na Primavera...
...estávamos exaustos,
extasiados com o calor,
daqueles momentos eloquentes...
...lá pelas tantas da madrugada,
perguntou-me o porquê das vírgulas,
e reticências...
...a respondi com um beijo,
calando aqueles doces lábios...
...recomeçamos...
Bené Bené