Querer inconfesso
Ouvi o canto dos pássaros dentro do teu olhar
Vi o encanto das cores nas palavras tuas
Respirei afobada cada ausência do teu ar
Corri contra o tempo em estradas tão nuas.
Na corda bamba dos sonhos perdi a lucidez
No abrigo da alma fiz o altar, a capela e a cama
Li a história gravada no contorno da tua tez
E morri inflamada como morre quem ama.
Eu comi a tua poesia e dela fiz a minha casa
Joguei as chaves fora e bebi o teu regresso
Com a sede ardida duma boca toda em brasa
Com a sede sofrida dum querer tão inconfesso.