Um amor atemporal
Sem tempo nem espaço...
Sem seu abraço ...
Em melancolia faço...
A alegria que era traço
De todo meu amor!
Tua luz um dia me fulminou...
Desde este dia , vago no vácuo de ter e não ter seu amor !
Sim , um buraco negro desintegrou e pela lei da gravidade te afastou...
Numa dimensão longe de mim !
O que é o destino?
Capricho felino...
De um deus serpentino.
Brincadeira de menino.
Que não conhece o amor!
Amor ...
Para mim é :
A conjunção...
A elipse..
O eclipse ...
Corpos celestes que pelo magnetismo imantou!
Atração atômica ...
Que pela eternidade ...
Em partícula se integrou...
E duas almas...
O Éter formou !
Se entregaram...
Se afogaram...
No rio lodoso do amor...
O pó da vida animou...
Carne originou...
Qual de nós primeiro gerou?
E um do outro , se aproximou !
Sei que os corpos se afastam...
Por consequência de nefastos efeitos ...
Que ao espírito cabe burilar...
Tenho na solitude de minha vida ...
A lembrança de sua alma querida !
Estrela que no meu céu abriga ...
Alma gêmea nascida...
Do éter do amor !
Perdoemos aos deuses esta separação temporária ...
Eles dizem necessária...
Para o engrandecimento do nosso amor !
Eu digo não !
Tanto sofrimento lá se vão !
Já paguei meu quinhão...
Nesta vida de solidão!
Cala-te dizem eles....
Alma em expiação..
Teu sofrimento é consagração
...
É caminho de tua regeneração !
Quer nesta , quer noutra encarnação!
Deixe-me, então , ao menos escrutinar o coração ...
Àquele que suscita minha devoção!
-Saibas que te tenho muito apreço , minha alma eterna ...
Luz de primavera...
Meu espírito é sentinela...
De tudo que não tivera...
Mesmo que longa seja a espera!
Que nunca chegue a primavera!
Minha alma te venera ...
Pois...
O deleite tempera ...
Seja nesta ou noutra esfera ...
Seu amor que no coração próspera!
Ah se assim pudera!
Na cela do meu coração se arrasta um arroubo de desejo infinito...
De querer estar contigo...
Meu Sol infinito !
liberte-me deste fado inimigo...
Que me deixa sem abrigo ...
Que castigo !
Contemplo perto meu jazigo!
Pois corro perigo !
Por tanto que já maldigo !
A má sorte ...
Esta minha irmã...
Da minh'alma sã...
Por perfídia no jardim do Éden...
Me deu a maçã ...
E uma terçã me acometeu...
Expulsa do paraíso...
Pelo amor que se rompeu!
Juro !
Que a culpada não fui eu !
Sim...foi assim que aconteceu!
Expulsa do paraíso ....
Perdi o juízo !
Haja feitiço ....
E aqui estou eu!
Malsã vivendo ...
Quase morrendo...
No inferno ardendo!
Com as chamas do amor!
Vejo o tempo carcomer...
As faces desoladas a me envolver..
Minha boca seca a secura de não ter...
Teus beijos a banhar os lábios que só salivam sem querer...
Querer ter o prazer...
Que já sinto sem o ter!
Assim...
Feneço num eterno padecer ...
Por nada mais crer...
Senão na comunhão do teu amor!
Libertai-me do teu jugo ...
Opressor!
Cativa estou...
Acorrentada nas correntes do amor!
Em brasa meus pensamentos estão...
Em Combustão !
Que tudo queimou
Nada restou...
Do que fui eu...
Destroços de saudades sou ...
Quando de mim o fado o levou ...
Sem moradia minha alma ficou!
Medir a saudade , ah já não meço...
Por tanto que começo ....
A me fustigar de amor...
Dolorosamente estremeço...
Vacilante amanheço...
Mal me reconheço...
Neste desvario de amor !
Nesta hora rogo...
Parar de vez esta decrepitude...
Que entorpece minha atitude...
Não há forças para que eu mude..
Não resisto tamanha vicissitude.
A incomensurável longitude..
Por mais que eu tenha solicitude...
Não alcanço sua amplitude...
Fiz o que pude...
Meu sentimento é a completude ...
Da mais alta virtude...
Que é o amor !
Suplico e até mendigo :
Exorcizem de mim o amor ...
Demônio que me acompanha
Com sua sanha ...
Perspicácia tacanha ...
Afeito a barganha ...
Que logra e ganha...
Dele sempre imana...
Uma crueldade que nos é estranha
Pior déspota não há...
Não se cansa de judiar...
Pois açoita meu coração....
Dia e noite numa prisão...
Intangível...
Porém factível...
Esmoreço de terrível...
Dilaceração!
Sangrando à alma em borbotões ...
Fujo dos grilhões...
Que ninguém vê...
Creiam é para valer...
Só quem ama sabe o quanto faz doer...
Sou um vale de padecer...
Nesta hora...
Além de estares em minha memória...
Teu retrato fixo-o agora...
Sem demora!
Traz impresso à moldura...
Seus olhos de doçura...
Seu rosto que formosura!
A tez ...palor da Lua ...
Toda essa brancura...
Brandura meu amor!
Parece que me fitas com ternura...
Seus lábios sussurram ao meu delírio ..
Balsamizam meu martírio .....
Tua face quero tocar...
Devaneio que muda de lugar...
Do retrato ela parece saltar ....
Teu retrato não mais quero largar...
Meu olhar pranteia caindo em seu olhar...
Sua figura principia molhar!
Teu retrato que não canso de fitar!
Dois olhares que viraram mar...
Mar de tanto chorar!
Essa linguagem parece vulgar !
A quem nunca soube o que é amar...
Ah os olhos podem falar...
O que no peito já não se pode guardar!
Aí que vontade que me dá.!
Meus braços te envolvem para te abraçar ...
Divago num delírio até a razão chegar....
Laços há...
Quem o pode mensurar!
Mercê estou da paixão ...
Serva cega do coração.
Pronta p'ra qualquer ação...
Que lhe sobeja de emoção!
E...
Com fidalguia....
Honrar meu senhor...
Nos feudos do amor !
Amor ...
Essa escravocrata que ninguém vê...
Castiga-me a alma com prazer!
Vergasta sem marcas deixar...
Úlcera-me em chagas de amar...
Assim...
Aninhar-me quero ao seu colo...
E em sua fronte tocar ...
É o que mais sonho a desejar.!
Por tanto vergastão...
Dorida à minha alma jaz ...
As feridas só curam com a paz...
Que o rapaz trás...
Ah ninguém mais!
E nenhum mancebo outro é capaz...
O que só ele com seu predicado faz !
O contrário é só amargura tenaz ...
Ah se pudesses entender que...
A paixão...
Alumia como clarão
Que ressoa como trovão.
Que encharca como chuvas de verão...
Que traz tempestade ao coração !
Meu garbo rapaz vens aplacar minha dor...
De ama-lo com fervor !
Disposta estou...
Sempre solícita a seu favor !
Os meus sonhos em flor...
Que na primavera espalhou...
Seu perfume. ...Oh esplendor !
Nos convida para o amor ...
Halo de sublime olor .
Vou levar-te onde for!
Agoura-me a desventura...
Sem nenhuma compostura ...
Ciosa que nunca haverei de ser tua!
Mal sabe que o amor nunca recua !
Morrerá comigo o que é só teu...
O amor que em mim cresceu !
Amor mais forte que eu...
Sua intrepidez venceu!
Hei de viver das lembranças
Da felicidade que tinha...
Assegurava sê-la minha...
Mas não convinha...
Colher da vinha...
Por mais que continha ...
O vinho do amor
Que a minha alma embriagou...
E...
O corpo afaga...
A dor aplaca ...
No imo amarga...
Quem dela provou!
Meu ninho de amor ....
Um dia deixaste...
Para o alto tu alçaste...
E qual pássaro das minhas mãos escapaste
E na vida voou...
E minha esperança de uma aliança consigo também ...
Queria ir mais além...
Não receber o desdém....
Da vida que se tem ...
Bem sei que tu também!
Vivificou em mim ...
O que éramos ...
bem assim...
Duas rosas do jardim....
A lâmpada e o Aladim....
Um anjo outro querubim...
Um sem começo ...outro sem fim....
Parte de Ti comigo ficou ...
Partir de mim ...jamais .
O amor que lhe dou !
És...
Folha caída ...
Da copa descida.....
Tronco da árvore .... que germina amor.!
O vento lá fora ...
Tufão que demora...
Agora me apavora....
Parece que chora ..
Traz de outrora...
À minha memória ...
Sua presença que nunca foi embora !
Sibila a saudade ...
Com tanta benignidade...
Parece verdade ....
Teve piedade ....
Do que me restou !
E ouço sua voz ...
Na intensidade ...
Que invade...
Com tanta sonoridade ..
Na porta que se abre ...
Na tempestade....
Aqui estou !