Via Láctea

 

No espaço longínquo...

A milhões de ano-luz...

Te contemplo o brilho...

Na escuridão sideral...

 

Belo e cheio de estrelas....

Vais dançando no rastro infinito....

 

Vens nos meus sonhos de primavera...

Doce quimera!

 

 

Ah que buraco negro profundo....

Devora minhas chances sagradas...

 

De ser amada e desejada , querida!

De mãos unidas, favorita...

 

Nossas almas jungidas no obscuro desconhecido....

 

Ouvindo o infinito...

Ah é o som de Deus!

 

Inda vago a esmo ...

Teus braços quero encontrar ...

Aos meus enlaçar ...sustentar !

 

todo o meu prantear!

Encerrar com um beijo ...

Bafejado de desejos !

 

Tua boca na minha...

A fazer covinhas ...

De rubro ou rosinha

Tua face branquinha na minha trigueirinha.

 

Vens ao meu encontro...

Via Láctea magnífica ...

Sêde pacífica ...

Na minha ilusão científica!

 

Tua luz quero repousar ...

Vou a ti te encontrar....

Antes do pó sideral retornar...

 

E ser uma estrela do seu firmamento...

Um perfeito casamento ...

Do Sol e da Lua que é tua !

 

Não fujas dos meus anseios e anelos tresloucados !

Preciso gravitar ao seu lado ...

Num profundo torpor...

Acorrentada de amor !

 

 

Nenhuma Galáxia é mais luzidia ...

Não sejas arredia !

 

Nem as noites mais sombrias ....

Aplacam minha saudade ....

Em sua eternidade!

Pesar da minha efemeridade!

 

Sei que teus movimentos não são meus...

 

És fugidio e majestoso...

Te vejo formoso ....

No Cosmos sem fim !

 

Ah se pudesses cuidar de mim...

 

Num atmo do espaço -tempo...

Só para eu estar no teu firmamento...

 

És o conjunto de constelações que vibram minhas emoções...

 

Sem destino vago...

E tu fostes consagrado...

A ser meu enamorado...

Neste Universo sem fim!

 

Nebulosas de incertezas giram na órbita do meu fado...

 

Por que não vens comigo , não te agrado?

 

Há um turbilhão de energia escura que penetra nosso espaço vazio...

 

Minha desdita , meu desvario...

É não percorrer os atalhos dimensionais ...

Túneis de minhoca ou algo mais...

 

Para nunca desatrelar-me do seu encanto...

 

Que no espaço canto...

As serestas de amor!

 

Ouço uma explosão...

E uma desintegração...

De velha estrela...

Que ateia fogo no infinito...

 

E com ela minha esperança se transforma em atritos de átomos ....

Que vagueiam no Universo...

 

Há uma luz que se vê na ponta do breu sideral...

É a tristeza do que sobrou de mim...

Meu funeral !

 

Rastejar de partículas ...sou !

Sem o amor teu que feneceu !

Cedo entardeceu !

 

Lua cheia escureceu ....

E de saudades estremeceram o que fostes teu ...

Espectro pareceu !

 

Lampejos de luz e de dor...

Sem teu amor!

 

Sou a estrela esquecida e caída ...

E de gente transformada ...

Eternamente apaixonada....

 

Que nasceu , renasceu , na matéria !

 

Sofreu por querer te amar bem perto,...

Ah mas quem dera desse certo !

 

Ser sua consorte para bendizer a sorte....

E enterrar a morte...

 

Nunca suspiramos juntos ....

 

Defuntos somos do nosso dissabor ...

 

No túmulo finamos a dor ...

Que carregamos !

Ao pó voltamos !

Malgrado viramos ...

Sementes de amor !