O começo de Tudo
Na Atlântida nos conhecemos ...
No templo das magias e orações...
Não terminamos as maldições ...
Que nos ceifavam as ações ....
De esquizofrênico ardor....
Em aos outros causar sofrimento e dor ...
Os inimigos ferrenhos ....
Que com tanto empenho ...
Se apoderaram dos nossos amuletos sagrados...
E sem o poder que tínhamos conquistado ,...
ficamos desprestigiados....
E no dilúvio tragados ...
Dando-nos as mãos , morremos afogados..
Imergidos no mar....
Sem tempo de amar ...
Acorrentados pelo desatino....
Que nos fizeram pequeninos ....
Palor do destino. !
Sem o escrutínio do coração!
Nossos corpos pelo mar levados....
Por um sacerdote encontrado...
Exortou ao deus Sol....
Que qual na morte ...
Nossas almas tivessem a sorte....
De noutras vidas se reencontrarem....
E perpetuar o laço de magia ....
Em quintessência a sublimaria
Em fórmula de amor...
Que nos unia!
Das dores passadas....
Transformassem , a posteriori .
Pérolas de ações a benfeitores
Que se juntassem a nossos pendores !
Até a eternidade....
Não importa em que lugar nossas almas haveriam de se encontrar....
E juntas serem o resgate....
De todos os horrores que perpetraram ....
E em fachos de luz transfigurassem....
Alumiassem....
A celeste escuridão... .
Sem deixar de darem as mãos...
E que se procurassem com sofreguidão!
Assim aconteceu!
Num interregno de tempo ...
No Egito antigo....
Envolta do rio Nilo te vejo ..
Levando num cortejo....o faraó !
Eu hebreia....
A beira do rio estaco extasiada ...
Com o semblante ruborizada...
Pergunto a outra companheira de escravidão ...
Quem é aquele soldado alto que também fitou-me com paixão?
Ela disse ser um terrível e sanguinolento homem...
Que sem dó nem piedade ..
Faz valer sua maldade ....
A quem o desafia...
Numa bela noite de céu sereno...
Eu na choupana tecendo ...
Para um cavalo à minha porta...
E o soldado apia e de mim se apossa...
Num misto de selvageria e amor ...
sinto o coração descompassado ....,
Quem é este soldado?
Cruel que me tornou tua.?
Na noite nua...e escura ...
Despiu-me a inocência....
Sem minha aquiescência.!
Outras noites se perpetuam ... voluptuosas!
Um amor desperta em nós .. .
Que destino atroz...
Dele engravidei!
Há um burburinho na populaça...
Que esta criança é a desgraça !
Dos deuses infernais!
O soldado me dá ouro e me escolta a fuga !
Para um lugar ermo ...
Eis que somos atraiçoados ....
E no caminho alcançados !
Num lance de desespero....
Ele pede para eu seguir primeiro !
Enquanto seus passos retardam...
Numa luta terrífica e feroz ...
Ele tomba ao solo...
Outro soldado da bainha tira uma espada e o alveja no peito ...
Jorrando seu sangue ao chão ...
E ao longe meu pranto escorre em borbotão....
Sem poder lhe acudir...
Tangida pelo desespero ....
E tiritando o coração!
De tanta flagelação.
Uma moça da aldeia de mim se aproxima ....
Com comiseração ...
Me esconde em seu lar!
Sem titubear !
Os anos passam....
O rebento cresce...
Parecido com seu genitor ...
Com destemor....
Um guerreiro se torna!
Rebelde e valente...
Do deserto ardente.
Ah vou ficando velhinha com o coração enlutado....
E nas memórias a imagem do meu soldado amado!
Na Babilônia numa cerimônia sensual....
Temos um novo encontro casual ...
És caravaneiro fenício ....
Eu mera meretriz do templo ....
Compras-me para seu agrado .. .
Guardo um anel diamantado ....
Que destes para mim !
E viajamos pelo mundo antigo ....
Muito prazerosa de estar contigo!
Mas minha lascívia era tanta ...
Que a outro concedi-me ...
Arrependi-me !
Na ebriedade licenciosa do momento ....
Sem discernimento !
E por ti atirada na estrada empoeirada ...
Pedinte tornada !
Fiquei petrificada ...
Morri atormentada ....
De alguma doença acometida....
Ah que desdita !
Sem sua presença e comiseração ....
Nem sequer seu perdão!
Os olhos fechei deste mundo ....
E vi o breu profundo !
Sem nenhum outro moribundo...
Naquele lugar sem paz !
Viveste infeliz e contrariado....
Por ter se apaixonado !
Por uma infeliz meretriz ...
De tristezas transbordou,...
Seu coração inundou...
O rio da solidão !
E dele nunca mais voltou!
Ninguém mais o coração entregou!
Em Roma dos Césares nova roupagem...
Eu nobre patrícia ...
Filha de senador...
Você plebeu...
Que dissabor !
Para a época não tinha valor ...
No Fórum numa tarde de sol te vejo....
Estas com alguns tecidos vendendo ....
E faço parar a liteira !
Aceno .!
Te peço para minha residência levar toda vendaria....
Pois as compraria !
E a sós na minha alcova ficamos...
Provo seus tecidos ....
E por fim nos provamos!
Um amor proibido de muitos anos...
Eu me chamo Túlia e você Diocleciano !
Faço-o se tornar um próspero vendedor....
Para enfim ao público mostrar nosso amor!
Na idade média....
Num feudo que meu patriarca e eu trabalhava !
E do nosso labor o sustento tirava !
Eis que no cultivo de batatas numa manhã fria ...
Vejo um cortesão que no horizonte com seu cavalo principia !
Começo a separar o que foi plantado...
E levo o que foi combinado ....
E de repente você fita a camponesa...
Que separa os frutos numa cesta...
Seus olhos brilham ....
Nunca vira tanta beleza ....
Seu coração dispara...
Vai até ela e lhe diz suavemente...
Tens as feições delicadas....
Não obstante maltratadas ....
Por tantas batatas arrancadas !
Nesta terra sem fim !
Nem lhe passou em sua mente...
Ver uma donzela...
Sentinela....
Da beleza.!
Viver em meio a pobreza ....
Na crueza da terra desgastada !
A viver com a pureza o que a natureza em sua face sobejou !
Ah uma relés camponesa ....
Bem poderia ser uma baronesa para seu idílio de amor ...
Eu , neste instante recuo....
Incréu esconjuro !
Somente a loucura atribuo ....
Suas palavras de amor!
Não posso de tanto tremer ...
Seu querer com meu ceder ...
Deixar acontecer !
Um beijo seu me amolecer .....
Assim fluiu a energia e a magia que era nossa companhia...
Quando de dia nos deleitava....
Com o que nos ocupava ....
Na relva deitava !
Sem saber que era amor !
Minha alma guardou a lembrança ....
O que nem a morte arrancou !
Seu vulto terno e prazenteiro...
Que lhe fez ser o primeiro ....
Dos meus sonhos de amor !
Será verdade que um nobre se encante com a simplicidade de uma donzela rústica ?
Embora bela ?.
Que do solo viveu e dele colheu os frutos do desamor?
Ah terra terrifica !
Deixou a face da serva maltratada , ..
Dilacerada pelo tempo e no plantio da batata!
Seus braços tão fatigados e cansados....
Que nem de leve nunca tocou ...
A epiderme desgastada de um agricultor ...
Que poderá dizer ....
A de um rico suserano sonhador?
Ah o tempo passou....
E para o castelo aquele nobre a levou ...
E fê-la sua amante !
Já que vinham de estamentos diferentes...
Jamais poderiam se unir publicamente....
Por ocuparem posições divergentes ...
Ah as épocas e seus costumes ...
Comprimem com seus conceitos estrumes ...
A aragem de amor!
Hoje em terras brasilis nascemos....
Sob as bençãos de São Paulo ...crescemos. !
Eu morena moderna...
Aflita....
Trabalho com as causas sociais !
Ralho...
Não há padre nem vigário ....
Que possa a populaça contar !
Por vidas me atormentaram essas questões ...
Hoje não tem sermão de mulçumano nem cristão...
Ninguém que possa a fome aplacar...
Há somente obreiros ideais...
Que se chamam Assistentes Sociais ....
Você um rapaz alto .. .
Porte esguio ...
Fala inglês...
Eu javanês ...
Tens um coração aventuroso ....
O meu é medroso !
Tens a força e determinação...
Eu pura emoção e solidão...
Que será que os astros vão nos reservar?
Nesta roda de Sansãra a girar?
Nesta vida então ....
Quero em seu colo alvo e esguio reclinar minha destra...
E lembrar tantas peripécias que neste mundo tivemos ...
Mesmo que não saibamos os pormenores de tudo que aconteceu ...
Tenhamos a certeza de que nada morreu....
E de tudo que se viveu .!
Eu sou tua e você é meu!
Amanhecer nos seus braços não mais jungida pela força !
E sim pelo escaninho ....
De carinho ....
De ter descoberto o caminho ....
Qual ninho de passarinho ....
Construído de amor!
A noite salpicadas de estrelas ....
Será nossa janela do infinito....
Debruçados no tronco...
Ao alto olharemos !
Lá em cima veremos....
As estrelas formando uma passarela de sentinelas...
Que contemplam o nosso templo de amor !
Nosso coração puro te tanto ser burilado...
E testado !
Quantas vezes macetado....
Já está fortificado....
Pelas muralhas da dor !
Nesta Terra deixamos as marcas do nosso sofrimento...
Onde foi nosso tormento !
Começo de tudo....
De nosso lamento.!
Também de nossos juramentos de amor !
No continente perdido ....
Ainda não emergido !
Oculto e escondido....
Há de despontar no oceano...
Com toda nossa trajetória ....
Que ficou na nossa memória....
Nossa primeira história de amor!