CENA DOMÉSTICA.
V. Hugo.
Ela estava sentada em meus joelhos
E brincava comigo – o anjo louro,
E passando as mãozinhas no meu rosto
Sacudia rindo os seus cabelos d’ouro.
E eu, fitando-a, abençoava a vida!
Feliz sorvia nesse olhar suave
Todo o perfume dessa flor da infância,
Ouvia alegre o gazear dessa ave!
Depois, a borboleta da campina
Toda azul – como os olhos grandes dela –
A doudejar gentil passou bem junto
E beijou-lhe da face a rosa bela.
– Oh! como é linda! disse o louro anjinho
No doce acento da virgínea fala –
Mamãe me ralha se eu ficar cansada
Mas – dizia a correr – hei de apanhá-la! –
Eu segui-a chamando-a, e ela rindo
Mais corria gentil por entre as flores,
E a – flor dos ares – abaixando o vôo
Mostrava as asas de brilhantes cores.
Iam, vinham, à roda das acácias,
Brincavam no rosal, nas violetas,
E eu de longe dizia: – Que doidinhas!
Meu Deus! meu Deus! são duas borboletas!…
Dezembro – 1858.
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