Clausura doce
CLAUSURA DOCE
O amor é isso
Uma clausura doce
O gozo consumado
Mistério sem fim.
Concebido em verso,
É grito sufocado,
Repentino pranto,
É palco e camarim.
O amor nos chega
Violando a noite,
Sublimando a sorte,
Sendo sonho e mar
Pressentindo estrelas,
Revelando as dores
O amor é espera,
É tímido luar.
O amor é isso
Um moinho ao vento,
Regaço do peito,
É um beijo do sol.
É um espasmo, orgia,
Um pote de desejo,
Um roçar de beijo,
Sidéreo farol.
É sentir a aurora,
O primeiro orvalho,
É concluir o espanto
Fecundar o chão.
É viver em transe
E driblar a morte
Nas noites sem nome,
Ouvir constelação.
É o fugir das horas,
É o corpo e o canto,
A areia e a espuma,
Que em mar se faz.
Um caminho verde,
Pétala indecisa,
Fluxo da brisa,
E, sobretudo, é paz.
Marília Abduani