Ao largo do campo os passarinhos...
ao longe as notas lânguidas do violino
desenhando as nuvens
da tempestade que já se faz soar...
No adagio que chega,
o assustar da alma
que pastoreia sentimentos.
Ventos sopram folhas e notas pelo ar,
marés se chocam contra os trigais
- grãos voam perdidos de si -
e as sonatas dos murmúrios das fontes
se perdem no ar em suaves brisas
que antecedem o furacão...
Recito o poema, escrevo o soneto
e me dobro em soluços dessas saudades
que trovejam ao longe...
Os Doces Zéfiros anunciam
o toque solo do Vento Norte
- diverso, impetuoso -
e a chegada do temporal.
Ouça o pranto do camponês...
seu medo treme a mão...
troveja o violoncelo o ar...
choram as notas em passagens
de um vento a outro
desta tempestade do mar...
Ela chega cobrindo de noite o dia
com seu negro manto.
O silêncio dos passarinhos dói.
É possível mergulhar em sua quietude
e sentir o medo nas notas dissonantes
do velho violino em dor...
Inspirada no Adagio e Presto de L'estate op.8 no.2 de Vivaldi.