Devolva-me
Devolva-me a vida,
sem que doa na veia
a morte pressentida.
Devolva-me cada grão de areia
largados...sem medida
do corpo que só...anseia.
Devolva-me a razão fria e dura
que gritava...que sentia
minh'alma dantes em tortura.
Devolva-me a serenidade do sono
que toda noite se repetia
a tirar a sensação dorida do abandono.
Devolva-me a sensação de alento
que como insana utopia
consumia minh'alma a todo momento.
Devolva-me a paz e o prazer
corrompidos pelo tormento
que nunca fizestes-me entender.
Devolva-me a alegria esperada
da palavra que ficou por dizer
e que só do silêncio foi arrancada.
Devolva-me a doce e terna lembrança
da inocência em mim guardada
de contigo sentir-me criança.
Devolva-me a essência do olhar
que um dia deu-me a esperança
de poder tua boca beijar.
Devolva-me cada instante sonhado
de numa cabana poder esperar
o momento dentro de mim guardado.
Devolva-me todo o meu cansaço
de acreditar que era real
tua alma e a minha no mesmo compaço.
Devolva-me a realidade
e deixa-me jogar no espaço
os prantos da minha saudade.
Anna Müller