TRUCO
Sentir falta é a pauta principal da vida, repetida à exaustão,
Não vale perdão sem arrependimento, não vale argumento
Reutilizado, sentimento robotizado que só diz não, sermão
Que não serve para curar mágoas de estimação tão bobas.
O estigma de mártir permanece, ela adormece e só desliga,
Há quem diga que é uma fase, uma base sem fundamentos
E um tanto quanto instável, variável que resolve a equação,
Uma estação com prazo para acabar e um mar desfigurado.
O espelho e as águas distorcem a imagem e a personagem
Segue a sina que resolveu incorporar, quer namorar e matar
As dores que assombram a alma e açoitam o corpo exausto,
Desnutrido e sem cor, enrolado no cobertor e sem vontades.
Conhece redemoinhos e furacões, trovões, a velha calmaria
Que sucede esses eventos, adia os momentos de felicidade
Alegando que as situações são imutáveis, dias improváveis,
Ilusórios, distantes, não merecem uma chance, último lance.