Se há um sentimento que transcende o tempo e a cultura, é o amor. Luís de Camões, o renomado poeta português, capturou essa complexa emoção de maneira magnífica em sua vasta obra. Suas palavras têm o poder de ressoar através dos séculos, tocando corações e despertando emoções que ainda hoje são universais. Vamos explorar três poemas icônicos de Camões que nos conduzem pelo labirinto do amor.

 

"Amor é fogo que arde sem se ver"

Amor é fogo que arde sem se ver,

é ferida que dói, e não se sente;

é um contentamento descontente,

é dor que desatina sem doer.

 

É um não querer mais que bem querer;

é um andar solitário entre a gente;

é nunca contentar-se de contente;

é um cuidar que ganha em se perder.

 

É querer estar preso por vontade;

é servir a quem vence, o vencedor;

é ter com quem nos mata, lealdade.

 

Mas como causar pode seu favor

nos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor

 

Análise: Neste soneto, Camões compara o amor a um fogo invisível, mas intenso. O poema é uma meditação sobre a natureza ardente e misteriosa do amor, destacando como suas chamas podem envolver nossas emoções de maneira invisível. O uso de paradoxos como "contentamento descontente" e "dor que desatina sem doer" reflete a complexidade das emoções amorosas.

 

2. "Alma minha gentil, que te partiste"

Alma minha gentil, que te partiste

Tão cedo desta vida descontente,

Repousa lá no Céu eternamente

E viva eu cá na terra sempre triste.

 

Se lá no assento etéreo, onde subiste,

Memória desta vida se consente,

Não te esqueças daquele amor ardente

Que já nos olhos meus tão puro viste.

 

E se vires que pode merecer-te

Alguma cousa a dor que me ficou

Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

 

Roga a Deus, que teus anos encurtou,

Que tão cedo de cá me leve a ver-te,

Quão cedo de meus olhos te levou.

 

Análise: Neste soneto, Camões expressa a saudade e a dor da separação pela morte. A alma é personificada como um ser querido que se foi, e o poema transmite a tristeza profunda da distância. Camões tece uma teia de emoções ao explorar o vazio deixado pela partida da pessoa amada e roga a Deus que o leve embora desta vida tão cedo quanto se foi sua pessoa amada para poder encontrá-la no outro mundo.

 

3. "Sete anos de pastor Jacob servia"

Sete anos de pastor Jacob servia

Labão, pai de Raquel, serrana bela;

Mas não servia ao pai, servia a ela,

E a ela só por prémio pretendia.

 

Os dias, na esperança de um só dia,

Passava, contentando-se com vê-la;

Porém o pai, usando de cautela,

Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

 

Vendo o triste pastor que com enganos

Lhe fora assim negada a sua pastora,

Como se a não tivera merecida,

 

Começa de servir outros sete anos,

Dizendo: — Mais servira, se não fora

Para tão longo amor tão curta a vida!

 

Análise: Este poema é uma comovente declaração de amor. Nele, Jacó descreve os sete anos que trabalhou como pastor para conquistar o direito de casar-se com a amada, Raquel. A perseverança e a devoção de Jacó são retratadas de maneira emocional e cativante, lembrando-nos da força do amor e da dedicação.

 

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Mafra Editions e Jamila Mafra; Camões
Enviado por Mafra Editions em 30/08/2023
Código do texto: T7874009
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