Areias do Tempo

 

Não conto mais as areias do tempo.

Vivo o presente que me é dado.

 

Deixo seguir o grão...

deixo-o cair, meigo e doce,

para a parte debaixo

de minha velha ampulheta do tempo.

 

Navego num vento ancestral.

Seu cheiro  remansa o pó das estrelas

em minha janela do tempo profundo.

 

Não vedo mais os olhos ao futuro.

É o meu sonho nele estar.

Mas, a consciência sutilmente alerta

para o bater do coração.

Uma última nota poderá, hoje, soar.

 

E eu não sei dos dias as minhas horas,

como se plasmam, para onde flutuam...

almejo que suas cintilâncias

cruzem sempre meu destino com o seu

e se acolham - queridas - em teus abraços...