Luares de Poeiras

 

Ainda não tenho

nas mãos

um selo de futuro.

 

Na mente, densa,

um envelope aberto

com um sonho dentro.

 

Uma passagem

para aragens

de essências

e pequenos sois

dentro dos olhos

refletindo

o amor latente

e de longa data.

 

Pressinto luares

trançados de poeiras,

aquecendo mistérios

e derramando a alma

numa fala profunda

ao coração dentro do meu.

Lastros de sombra e luz

continuam sendo o marco

de minha caminhada pela vida.

Vida de Esperas.

 

No labirinto do tempo

até as pedras cantam

e os lhiames de flores

se debruçam

à minha passagem:

 

danço contigo

amor de minha vida

a valsa do imperador.

 

Sonho as areias do tempo.

Escoam, docemente,

- qual notas dessa música -

de nossa ampulheta do tempo.

 

O tempo passou...

como o tempo passou.

 

Envelhecemos juntos

e continuamos

em nossas 55 horas.

 

Flutuemos, pois,

que a vida segue lépida,

flutuemos ao encontro

de nossas marés,

ao encontro

do ajuste

de nossas lumes,

de nosso

candeeiro de amor.