TEIA
De repente, fui surpreendido
Algo me teceu engenhosamente
Subjugadamente inadvertido
Fui presa pega inevitavelmente
Não há quebra-mar capaz
De deter essa teia fincada
E meu coração contumaz
Tem saudade acumulada
Meu corpo é meu álibi sincero
Explicita a enorme significância
Fala à queima-roupa que te quero
Fala "te quero" à distância
Lábios trêmulos feito miragem
Anunciam a umidade nas pupilas
Queria forjar uma camuflagem
Mas essa labareda não oscila
Meus gritos silenciosos
Têm ecos ensurdecedores
Angustiantes e tenebrosos
Expressivos pelas dores
Indomável frenesi sentimental
De tardígrada resistência
Um paroxismo transcendental
Consome minha existência
Profusão de hipóteses elaborei
Para o descompasso do meu coração
Mas irresolutamente fracassei
O não-sei-o-quê me foge à compreensão