Manuscrito
É que eu me satisfaço
Com um pedaço do teu dia
Minha alegria é te ver acordar
E estar na tua companhia
Mesmo sem poder te tocar
É no teu abraço que eu quero me deitar
Nas tuas curvas e nos teus traços
Eu te desenho em palavras
E em silêncio te descrevo
O que eu tenho medo de confessar
De olhos fechados, eu imagino e rebobino
Em segredo, o teu beijo
Notas de um passado
Que pensei ter esquecido
Sobreviveram abafadas
Todo esse tempo comigo
Impossível explicar, os caminhos do universo
Que escreve e brinca com as linhas do acaso
Aí muda, de repente todo o verso
Sem ter te avisado
Te fazendo perceber
Que o que antes fazia sentido
Hoje não serve mais pra você
E o que você pensou ter falecido
Era, na verdade aquilo
Que se manteve vivo no escuro
Te esperando amanhecer
E um olhar comum, se torna raro
E um detalhe, parece mágico
Mesmo sem ter o porquê
Não se trata de voltar no tempo
E consertar o que foi dito
Mas não conseguir imaginar
Outro futuro manuscrito
Sem você